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terça-feira, setembro 05, 2006

Depressão pós-parto

Quem me conhece e também quem nos visita aqui no blog sabe que passei por uma depressão pós-parto. Há algum tempo que quero falar disto uma vez que não é um "animal raro", afecta muitas e muitas mulheres e considero que não há que ter vergonha em falar destas coisas. Nem o facto de publicar isto me fragiliza de alguma maneira. Sinto que devo publicar e este post é dirigido principalmente a mulheres que passam ou passaram por isto e aos seus familiares/amigos mais próximos uma vez que são eles os que mais poderão ajudar. Escrevi este texto para um boletim informativo há 2 meses atrás mas na altura preferi manter o anonimato e não o publiquei aqui por falta de coragem. Espero conseguir ajudar alguém nem que seja a sentir-se menos só uma vez que é um sentimento que nos assalta quando estamos assim. O sentimento de estarmos sozinhas mesmo quando rodeadas de muita gente, mesmo que essa gente seja gente que nos ame, gente que nutre amizade por nós. Tenho notado que existe uma certa vergonha em falar disto mesmo entre mulheres. Não há que ter vergonhas, nós que passamos por isto amamos os nossos filhos com a mesma intensidade que quem não passa por isto, esforçamo-nos por dar o nosso melhor a cuidar dos nossos filhos da mesma maneira, não somos inferiores nem mais fracas, a vida apenas nos pregou uma partida...

Aqui vai o texto:

O nascimento de um filho deveria ser o período mais feliz de uma mulher mas, infelizmente, não o é para algumas e para mim não o foi. Os primeiros meses de vida do meu filho foram vividos com muita felicidade mas também com muita dor, receios e angústias, foi um período difícil e complicado que não estava nada à espera. O meu filho foi planeado e muito desejado. Tinha a certeza de que tudo iria correr bem desde a concepção até ao parto e que o seu nascimento me iria trazer plena felicidade, satisfação e realização como mulher. Nunca pus em causa que algo poderia correr mal, sempre tive uma visão optimista da vida e quando me diagnosticaram um ovo cego na minha primeira gravidez (um ano antes do nascimento do meu filho) foi para mim uma grande tristeza e desolação mas tentei seguir em frente. Penso que ainda não me tinha refeito totalmente dessa perda quando engravidei novamente e que isso provavelmente também tenha contribuído para a minha depressão pós-parto. Durante esta segunda gravidez que foi maravilhosa, perdi o meu emprego o que me trouxe alguma angústia mas, por outro lado, a felicidade de poder vir a desfrutar mais tempo com o meu filho. Para dizer a verdade não foi a perda do emprego que me angustiou mas sim os salários e férias em atraso. O dia do parto chegou e com ele a imensa felicidade de poder conhecer aquele que eu tinha aconchegado no meu ventre durante 9 meses. Entrei em trabalho de parto em casa durante a noite, cada contracção trazia felicidade, unia-me ao meu bebé, sabia que estava a chegar a hora de o ter nos meus braços pela primeira vez, estava feliz, queria muito parir o meu filho de modo natural. Mas ao fim de um trabalho de parto com dilatação completa e período expulsivo de cerca de uma hora ele não desceu para o canal de parto e encaminharam-me para uma cesariana de urgência. Eu estava preparada para tudo menos para uma cesariana de urgência. Perdi o maior acontecimento da minha vida. À felicidade do nascimento do meu filho juntou-se o sentimento de frustração, desgosto e incompetência de não ter conseguido parir. Durante a estadia na maternidade, não podia passar em frente à porta da sala de partos sem sentir profunda tristeza, não podia ouvir parturientes a terem os seus filhos sem sentir muita irritação e pena de mim mesma por não ter conseguido o que elas estavam a conseguir. Para não me verem chorar ia para a casa de banho e ficava lá algum tempo até a angústia passar ou embrulhava-me nos lençóis e chorava baixinho de modo a ninguém perceber. Costumava dizer que o meu parto tinha sido como uma ida a um hipermercado, em que chegamos, compramos e já está, uma vez que não tinha presenciado o seu nascimento, que não o tinha sentido nem visto nascer. Sentia-me meia desligada do meu filho apesar de todo o amor e atenção que lhe dedicava era um misto de muita felicidade mas também muita tristeza, nem sei explicar bem. Sentia-me imensamente feliz pela maternidade e muito angustiada por outro. Vim para casa pensando que esta angústia e irritação deviam ser só cansaço uma vez que não conseguia dormir na maternidade, mas o certo é que continuei a sentir-me desgostosa, triste, sem vontade de fazer nada, de ver ou falar com ninguém, sem conseguir dormir. Havia dias em que me apetecia mesmo voltar atrás no tempo, em que punha em causa a minha vontade de ter um filho. A única coisa que me ligava ao meu filho e me trazia muita felicidade e algum descanso era amamentá-lo. Dar-lhe de mamar, fazia-me sentir mãe, sentia o meu filho como meu. Mas até isso se revelou difícil. Houve uma semana, em que ele não fez mais nada senão chorar talvez percebendo o meu estado de espírito. Eu colocava-o na mama e ele não mamava ou mamava pouco e eu também não fazia mais nada senão chorar nos períodos em que ele dormia o que se traduziu num aumento de apenas 50gramas de peso. Falei com a pediatra e durante essa conversa disse-me que ele tinha passado fome nessa semana. Derreti-me em lágrimas, se antes me sentia mal, depois do impacto dessa conversa senti-me a pior e a mais incompetente das mulheres e das mães. A pediatra recomendou-me comprar uma bomba de extracção de leite mas aquela conversa fez com que nesse dia não tivesse pinga de leite. Chorei até não poder mais e fui à farmácia comprar a lata de leite que a pediatra tinha aconselhado e um biberão. Se antes me sentia incompetente, agora estava mesmo destroçada. No dia seguinte, já mais calma, tentei tirar leite à bomba e consegui tirar 120ml a quantidade que um recém-nascido bebe segundo a pediatra. Resolvi então dar-lhe de mamar e tirar leite à bomba para lhe dar como complemento, pois queria muito que ele bebesse do meu leite. Queria sentir-me mãe dele e sabia que a única forma era essa. O que aconteceu foi que com o passar dos dias o meu filho passava cada vez menos tempo na mama e cada vez mais tempo no biberão do meu leite. A minha vontade que ele bebesse do meu leite era tão grande que de noite chegava a levantar-me uma hora mais cedo para que ele pudesse ter o leite pronto para mamar e nos intervalos das mamadas de dia tirava leite à bomba numa tentativa de aumentar a produção, o que consegui. O meu filho engordava normalmente mas cada vez mais me rejeitava o peito. Passado um mês ou mês e meio, a conselho da pediatra resolvi retirar-lhe o biberão uma vez que não fazia sentido esta situação. Foi um período difícil uma vez que o meu filho rejeitava o peito e chorava imenso. A pediatra e uma enfermeira amiga diziam-me para insistir com o peito que ele mais cedo ou mais tarde havia de querer e foi assim mesmo, ao fim de uma semana a mamar quase de hora a hora porque ele insistia que queria o biberão e como tal mamava pouco ao peito, de muito choro dele e meu também, consegui que ele voltasse a preferir o peito ao biberão. Foi muito difícil uma vez que tirando o apoio da pediatra, de uma enfermeira amiga e de uma amiga que passava pela mesma situação, todos os restantes achavam que estava obcecada em querer amamentar o meu filho e insistiam de certa forma para que eu desistisse, alegando que eu estava obcecada, que o meu leite não devia ter qualidade, que ele não gostava de mamar, que já tinha feito o que podia e outras tantas frases que já nem eu me lembro; Eu também cheguei a achar que estava obcecada com a amamentação mas o facto era que eu não queria perder outra experiência, não queria desistir, queria que o meu filho tivesse o melhor, sentia que se deixasse de amamentar nunca me curaria, nunca voltaria a ser a mulher de antigamente, sentia que iria ser posta de lado, que o meu filho iria preferir outros braços para beber o leite, tal era a minha tão baixa auto-estima na altura. Cheguei a consultar um médico devido a esta depressão que quis que eu começasse um tratamento com fluoxetina pois disse-me que tinha de ser medicada para superar a depressão, mas recusei o tratamento uma vez que teria de deixar de amamentar e amamentar era muito importante para mim pois além de todos os benefícios que dava ao meu filho, eu sabia que era o meu caminho para a cura. A minha ginecologista numa consulta de rotina, receitou-me valdispert que tomei durante uns tempos uma vez que segundo ela era um produto natural e que poderia continuar a amamentar, mas acabei por desistir de tomar uma vez que a cura passa muito por nos querermos curar e sair da depressão. Hoje, olhando para trás vejo que o facto de amamentar o meu filho ajudou-me a criar uma ligação muito profunda com ele, ajudou-me a ultrapassar esta depressão pós-parto. Tomei novamente as rédeas da minha vida, tentei e estou a reencontrar-me, a gostar mais de mim como mulher e como mãe, tenho reflectido muito no que me aconteceu e nos seus porquês, tento aprender com toda esta experiência, fazer algumas coisas que me dão prazer e viver um dia após o outro sem pressas. Hoje posso dizer que a maternidade me realiza, sinto-me feliz por ser mãe, estou a sentir-me uma nova mulher. Ainda tenho os meus dias menos bons, mas quem não os tem? Tento torná-los mais belos e melhores tendo “pensamentos felizes”.

22 comentários:

Susy disse...

Como te compreendo Cristina, também acabei por fazer uma cesariana de urgência e nem por uma vez tinha sequer pensado que isso me iria acontecer, estava preparada para tentar trazer o meu filho ao Mundo dá forma mais natural possivel, no inicio sentia-me muito mal, achava-me menos mãe por isso, irritava-me com muita facilidade, chorava muito.
Quando já não aguentava mais fui à medica, conversamos e ela disse-me que se passasemos para medicação, teria que deixar de amamentar, isso é que não, pelo menos isso fazia-me sentir mãe, relaxava-me, ligava-me ao meu filho. Com muitas conversas, muito apoio ultrapassei essa fase. O desgosto, esse é que acho que nunca vai passar, um dia conseguirei ter um filho de parto normal, saberei o que é trazer um filho ao Mundo, dado que desta vez, nem a oportunidade de cesariana com epidural me permitiram para ver o meu filho nascer e chorar pela 1ª vez. Ainda hoje me irrita pensar em todos os comentários que ouvi quando acordei e me apercebi que todos já conheciam o meu filho menos eu.
Já tive oportunidade de te feicitar pelas tuas vitórias, principalmente na amamentação, luta que eu perdi por volta dos 5 meses.
Desculpa o testamento, mas identifico-me muito com a tua experiência e ainda hoje tenho muita necessidade de falar nisto, os que me estão proximos, parecem não entender como ainda me sinto triste e desiludida, passados já 7 meses, mas tu compreendes.
Beijinhos

Unknown disse...

Querida mamã: também acho que nunca irei deixar de sentir desgosto e mágoa tal como tu. É incrível como um momento pode ser tão importante nas nossas vidas. Passado um ano ainda tenho a mesma mágoa e o mesmo desgosto que tive na altura em que ele nasceu. A depressão essa desapareceu se bem que ainda chore por vezes quando revivo todo este rol de sentimentos. Também eu ainda sinto muita necessidade de falar nisto e, tal como tu, os que me estão proximos além de já não suportarem falar do assunto não compreendem o porquê de me sentir assim, afinal já passou um ano...
Sempre que necessitares e quiseres estarei aqui para conversarmos melhor sobre ti e sobre a tua que também é a minha mágoa.
Um beijinho grande
Cristina

Jorge Ortolá disse...

Tiro o meu chapéu a quem não desiste da luta... parabéns mães.

Anónimo disse...

Olá

Efectivamente a depressão pos parto existe e quase todas ( apesar de haver quem tente negar ) passamos por ela.

Compreendo o que sentiste, embora eu pense de maneira diferente; eu sempre quis cesariana e qd o medico me sugeriu isso ainda melhor.

Não acho que ningúem é menos mãe ou menos mulher só pq o filho nasceu de cesariana, antes pelo contrário. Acho que é melhor tanto para o bebé como para a mãe. Seja como for, qd um tem a sua opinião.
( o + curioso é q mesmo q eu nao quissese ia acabar por ser pois o Duarte tinha o cordão enrolado á cabeça e a um pé... ).

Deves ter passado por momentos dificies,e a verdade é q as pessoas naõ ajudam mto, infelizmente até complicam com as opiniões parvas.

Acho que o que te deve consolar a ti, e a mim tb, é que fizemos sempre o melhor que podiamos.

Tb tive mtos dias de choro, de irritação, mas é tudo normal. Quem pagava sempre era o meu marido, coitado...

Seja como for, concordo contigo, que o essencial é aceitarmos e queremos combater a dita depressão.

A vida futura com os nossos filhotes vai-nos por á prova mtas vezes, mas espero que continues ( e eu tb ) com os teus Pensamentos Felizes.

Alice+Duarte

. disse...

Acho que fizeste muito bem em partilhar a tua história. A tristeza pós- parto não tem explicação. No meu caso, nem a cesariana me incomodou e o facto de não ter tido leite entristeceu-me apenas no momento. Mesmo assim, sem nunca me sentir menos mãe ou mulher, e também sem me sentir desligada do meu filho (os casos são todos diferentes), tive uma imensa tristeza maternal, que demorou três meses a passar. E sim, sentia-me imensamente sozinha. Às vezes nem percebia bem o que me estava a acontecer, pois tinha medos de tudo e de nada e grandes vontades de chorar. Depois fiquei sonâmbula e tinha pânico de magoar o meu filho, o que nunca aconteceu, felizmente. Achei que nunca me ia adaptar, mas tudo passou. Hoje estou como tu, uns dias arriba outros abajo, mas com grande alegria de ser mãe. Tu foste uma mulher muito determinada, sem dúvida. E conseguiste! Por isso só te posso dar os parabéns, mesmo que a depressão pós- parto assente em coisas diferentes para cada uma.

sonho de bebé disse...

É um texto muito elucidativo que explica mt bem aquilo por que passaste. Deve ter sido um periodo mesmo dificil que ultrapassaste muito bem, encontraste na amamentação algo em que te agarrar para saires desta fase e conseguiste parabéns!
E que dia bem passado na praia com o panadinho.
Beijinhos

sonho de bebé disse...

Não sei se viste o meu comentário sobre o parto do Alexandre. Há muita coisa foi semelhante com o do David mas lá diz o ditado e com muita razão "o que não nos mata torna-nos mais fortes"
Jinhos

Linhas & Pontos disse...

Olá Cristina:

Nós por acaso não vamos tantas vezes aí passar o dia á praia como gostávamos, a Duda tem medo das ondas (diz que elas são grandes e fazem muito barulho)....e além de que é fria.

Mas por vezes vamos até á Serra da Boa Viagem fazer um pic-nic; ou passear nas calçadas ou quando me dá vontade vamos á Emanha ( eu e a Duda adoramos os gelados...o papá nem por isso).Onde já não vou desde que andava de bebé e que tenho muitaaaassss saudades é á Pizzeria Claudio....ADORO as pizzas de lá....humhum.Qualquer dia apareço lá e espero que também possas apareçer para nos conheçer-mos.
Beijokas
Mãe & Kida

Unknown disse...

Agradeço a tua visita e as tuas palavras; palavras essas que me incentivam a continuar a ser como sou. Deixar que a minha veia poética, tal como a agua brota da nascente, o poema saia da minha mente, do meu coração e transmita aquilo que sente. Os sentimentos são para serem expressados e mostrados ao mundo, como uma flor a desabrochar num canteiro do meu jardim.
Li com muita atenção este teu post, podes crer que o fiz com muita emoção, mas perdoa-me pelo meu atrevimento, logo eu um homem a dar aqui opinião de algo tão importante numa mulher, mas…
Amiga (permite que te trate assim, é com respeito, claro), em certa ocasião dizes no teu post:

“queria muito parir o meu filho de modo natural” + “Eu estava preparada para tudo menos para uma cesariana de urgência. Perdi o maior acontecimento da minha vida” “Á felicidade do nascimento do meu filho juntou-se o sentimento de frustração, desgosto e incompetência de não ter conseguido parir”.

O teu maior acontecimento foi a gestação dos 9 meses dentro do teu ventre, do filho que aos poucos começaste a amar. Lembraste quantas vezes ele no teu ventre e tu lhe falavas?
O teu maior acontecimento foi quando ele saiu dentro de ti, graças a Deus que existe a cesariana;
O teu maior acontecimento foi quando o viste pela primeira vez e ele estava ali que tinha acabado de nascer e já estava no mundo que tinha acabado de o acolher;
O teu maior acontecimento foi o momento que uma pequena célula do espermatozóide que fecundou dentro de ti e que durante 9 meses se formou no bebé que hoje é o teu filho querido;
O TEU MAIOR ACONTECIMENTO FOI SERES MAMÃ E HOJE TERES O TEU FILHO QUE TANTO AMAS.
Minha amiga, o mais importante é o acontecimento de teres sido mãe. Pensa nisso e vive a gloria do teu filho ter saúde e estar a sorrir para ti.

Perdoa, por este meu comentário, achei que o devia de fazer.

Sejam felizes, tu o teu filho e o teu marido e curtam essa felicidade em todos os momentos das vossas vidas.

Bjnhs

ZezinhoMota

PedraNitas disse...

É sempre preciso coragem para falar destas coisas e tu conseguiste-o. ´Parabéns, pois nem toda a gente consegue retratar o problema com a clareza com que o fizeste.

Felicidades!!

beijocas

Arpedro disse...

És uma mulher de grande coragem.
Realmente, a forma como cada um de nós vive situações semelhantes é muito pessoal. O importante é que consigamos ultrapassar as situações difíceis e aprender com elas.
Tu estás a conseguir.

Um abraço forte!

Ana Santos disse...

És uma mulher de "garra", que soube ultrapassar os problemas sem recorrer a medicamentos.
Sabes nesta minha última gravidez tinha receio se teria que fazer cesariana se não conseguisse fazer a dilatação, pelo motivo que cá não dão epidural, logo não vemos o bébé mal acaba de nascer, caso seja cesariana.
Também tenho a magoa do nascimento do meu 1º filho, quando nasceu colocaram-o em cima de mim, mas ficou de costas viradas para mim, não lhe vi logo a sua carinha e depois deixaram-me na entrada da sala de dilatação e levaram o meu filhinho, dizeram que era para eu puder descansar. Só o voltei a ver talvez pelas 10 horas da manha e ele nasceu faltava um quarto para as quatro da manhã. Nem consegui dormir e nem o tinha ali ao pé de mim. Isso são coisas que nos marcam muito.
Agora do meu 2º filho foi diferente, ficou sempre comigo, fomos juntinhos na maca para o nosso quarto.
Beijinhos
Ana e seus tesourinhos

_+*Ælitis*+_ disse...

O teu post ta mto bonito, nao sou mae nem serei tao cedo (nao da, né?) mas ficou muito tocante, ja tinha lido sobre o assunto e sei o quanto é levado a peito e com razao... esta expressao que usei agora tem tudo a ver, nao é? ainda bem que insiste para o amamentar, querias o melhor para ele e assim foi. Grande MAE, grandes pensamentos FELIZES!

Verita disse...

Queremos sempre ver a parte boa da maternidade e acabamos por nem pensar nestes casos que tantas mulheres sofrem... algumas em silêncio porque o mundo não as compreende :(
Fiquei a conhecer melhor este outro lado da maternidade e espero ter aprendido dentro de mim a tornar-me um ser melhor e a respeitar de outra forma alguem que conheça que possa vir a sentir essa depressão :)

Jokas com amor

PS. Respondendo a tua pergunta deixada no meu blog, ainda não estou grávida CRis :) Será um "projecto" a realizar só para meados do ano que vem, espero :)
A vontade já é mais q muita mas a realidade é q quero uma estabelidade maior a nivel monetário para esperar a sua vinda :)

Anónimo disse...

Eu não quero falar muito do meu parto, talvez um dia... apesar de achar que o Benjamim nasceu por sorte... enervaram-me tanto que quando acordei da anestesia geral, enrrolada em fios e cheia de dores, estive mesmo para os arrancar e ia pronta para partir o queixo a um enfermeiro. Vê lá tu que estive a "dormir" um bom bocado e parecia 1 segundo. Deram-me calmantes. Ainda a meio da espera para o parto ouviam-se as outras mulheres, entra, grita, tira e sai e pronto. E o meu marido olhava com ternura e frustração para de onde vinha aquele som "este é o som dum parto natural" ainda bem que ele o disse, naquele momento, porque foi naquele momento que eu tive a certeza mais-que-profunda que precisava de uma cesariana...

O Benjamim não nasceu de parto normal porque estava preso no cordão. E foi muito por acaso que me disseram isto... senão, hoje, não sabia, não iria perceber...
"Você ponha o oxigénio, senão mata o seu filho", até isto ouvi querida Cristina. Não foi fácil. E a tua luta também não tem sido fácil, compreendo e assisto a tudo o que dizes com respeito. Mas não te esqueças que há momentos sagrados onde a ti só te compete olhar, permanecer. Sem culpas. Sem medos.
Daqui a tempos, o Alexandre irá ver a mãe abençoada que tem.
Um beijinho. E muita força!

-=|†¡††ä|=- disse...

Obrigada por teres respondido. Gostei muito do teu testemunho. Felizmente sinto-me melhor, a minha filha tem me dado muita força, penso muito nela e quero sempre que ela esteja bem, além disso ela tem um papá formidável que me apoia incondicionalmente.
No entanto gostava de manter contacto contigo.Visita me e se quiseres adiciona me no messenger.
Um beijinho,
titta

cloinca disse...

Pois... como muitas outras mães.. também eu te entendo bem.. também eu passei por uma depressão pós- parto e , como já te disse um a vez, tenho imensa pena de não ter dado o peito ao meu filhote.
Sempre quis ter um parto natural... e não tive. Apesar de ter estado acordada durante a cesariana, porque foi com epidural, e apesar de ter visto o meu bebé a nascer... foi um momento que me traumatizou muito... apesar de ter sido um momento intenso, feliz.
Passei mais de 15 dias em que tinha pesadelos e sonhava com os barulhos da cesariana... lembrava-me que, reflectido num candeeiro, conseguia ver algumas coisas... cuja imagem me incomodou muito.
No 1º mês sentia-me a pior mãe do mundo... felizmente, e por ter tido uma (grande) depressão uns anos antes, reconheci os sintomas e fui imediatamente ao médico. Ao fim de 3 meses já tudo estava bem... apesar das dificuldades associadas à saúde do André.
Tens toda a razão quando dizes que muitas mulheres evitam falar disso: já ouvi uma mãe de dois filhos dizer, ainda antes de eu engravidar, que isso eram "mariquices". A verdade é que essa mãe teve um 3º filho... e entrou em depressão pós parto pela 1ª vez! Justiça poética, digo eu... mesmo não desejando isso a ninguém.
O que eu penso é que passar por isso, ou por qualquer situação difícil, nos ajuda a entender melhor os outros.
Eu antes de ter a 1ª depressão também pensava que era um bocadinho de "mariquice"... depois vi que não... que ninguém pode dizer "desta água não beberei"... porque pode acontecer a qualquer pessoa. Mesmo.
Adorei este teu texto, e ainda bem que o publicaste aqui no teu blog.
É muito importante que seja partilhado!!
Beijos enormes para ti,
Cláudia

Cláudia disse...

Eu não quero acreditar que tive uma depressão pós parto... Não quero pensar que estou com depressão agora, não quero ser medicada...
Por isso só hoje consegui ler este post completo, mesmo com lágrimas nos olhos, cansada, chorosa, eu sei lá, continuo a dizer:
Não estou com depressão!

Unknown disse...

Claudia: eu andei 7 meses a dizer isso. Estava em completa negação. Depois assumi, falei, chorei e resolvi lutar :) Estás a tempo. beijinho grande
Cris

Unknown disse...

Amélia:

Fico triste por saber que também tu tens uma história de um parto difícil e não humanizado. Há pessoas que deviam ser proibidas de exercer medicina/enfermagem. Esquecem-se da importância de um nascimento para uma mãe, esquecem-se sobretudo de "amar". Uma mulher em trabalho de parto precisa acima de tudo de respeito, amor e privacidade, só assim conseguirá suportar umas dores que (no meu ponto de vista) são maravilhosas. Durante o meu trabalho de parto e período expulsivo, tive isso da enfermeira Benvinda (ainda hoje penso muito nela e nunca mais a vi desde que saí do hospital), ela foi incansável na sua bondade, respeito e amor. O mesmo posso dizer de todas as enfermeiras e auxiliares que nos atenderam durante a estadia na maternidade.
Da médica que me fez o parto*... desta vez não me tratou mal felizmente, não foi antipatica mas tb não foi simpática... não falou comigo uma única vez, nem sequer foi ela que me disse que ia para cesariana. Também foi com anestesia geral. Eu acho que merecia ouvir antes ou depois da intervenção o que se tinha passado para ter que ir para cesariana. A minha obstetra que estava de serviço no bloco operatório e que assistiu a outra médica no parto(e eu não sabia que ela estava lá senão acho que tudo teria sido diferente)uma semana depois disse-me que ele tinha virado a cabeça e se tinha colocado numa posição transversa... enfim... custa-me a acreditar nisto mas pronto. Acho que o disse por me ver infeliz. Acredito mais que ele estivesse "de cara".
Minha querida amiga (ainda que apenas virtual)acredito que se te tivessem respeitado e "amado" talvez o parto do teu filho tivesse sido diferente, terias feito uma cesariana na mesma mas acordada, feliz e sobretudo calma para acolher o teu bebe.

beijinho,
Cristina

* a médica que me fez o parto, um ano antes tinha-me feito uma curetagem também com anestesia geral e, nessa altura, devia estar num péssimo dia pois às 10h da manhã fartou-se de ralhar comigo por a minha médica me ter mandado fazer a curetagem nesse dia e ter trocado de turno. Eu estava extremamente infeliz e não tinha culpa da minha médica ter trocado de turno mas o que é certo é que ela fartou-se de praguejar sobre isso e de não ter feito a curetagem mais cedo. Quando entrei em trabakho de parto e cheguei ao hospital ouvi dizer que era ela a médica de serviço, podes imaginar como fiquei. O pior é que tinha comentado minutos antes que com a sorte que tinha devia de ser ela a estar de serviço :)
Depois como ela não me tratou mal pensei, ela é mesmo assim, uma pessoa séria, alguém que nunca vemos sorrir, mas alguém competente e resolvi tirar as teimas fui ao privado a uma consulta e ela só não beijou o chão que eu pisei. bem... saí de lá com uma neura.... só me apetecia bater-lhe.

Grilinha disse...

Cristina...ando com pouco tempo para visitar os cantinhos e só agora li este post.

O post é simplesmente maravilhoso. Talvez dramático para ti. Mas tocante de ler por mim....Talvez não tenha tido nenhuma depressão pós-parto...talvez não tenha sido algo grave....mas senti tudo isso que falas em relação ao meu parto....cesariana de urgência com anestesia geral, (mas ainda bem, pois já ssim ele não nasceu muito bem...) e tb tive uma situação muito ideêntica com o amamentar...tanta era a minha vontade que quase não descansava para tirar leite e dar-lhe, já que "habituou-se" um bocado ao biberon nos 9 dias que passou no hospital...e o meu stress tb não me deixava produzir leite....sentia-me muito incompetente...ainda para mais quando ia à farmácia comprar leite e me perguntavam porque não amamentava....Custa tanto....toda a mãe hoje em dia quer amamentar (talvez não todas....mas quase, acho eu....)enfim, uma frustração. Não me deixei levar pela depressão pois o meu pensamento tb estava nos problemas do meu pequenino, mas devo ter andado lá perto ! Um grande beijinho e obrigado por teres colocado aqui este post.

Anónimo disse...

Olá Cristina,
Muito obrigada pelo teu post-comentário.
É mesmo como dizes: Há um conjunto de gente que não deveria exercer enfermagem ou medicina.
Acho que aquela médica perdeu a noção do que fez/faz.
O meu parto é digno de um filme cómico, de tanto disparate, uns atrás dos outros - hoje já consigo ver a coisa em termos cómicos. Eu acho que toda a gente que ali estava, para além de muito incompetente em termos humanos, é incompetente em termos técnicos. Acredito que não tive sorte, só isso. E que ter um filho a dois dias do final do ano num hospital central, é meio caminho andado para lá encontrares somente aqueles que estão de castigo, porque os bons estão de férias…- um destes dias conto como foi. Naturalmente que o nascimento do Benjamim e o seu crescimento e desenvolvimento ajuda-me a esquecer. Só me falta esquecer alguns rostos. Foram precisas somente umas horas na minha vida para eu desenvolver anti-corpos a algumas pessoas até hoje. No dia em que me esquecer do último rosto e de esperar que não me apareça à frente, contarei então este filme cómico. Tento não me lembrar disto para não retornarem os rostos…
Sabes, temos que assinar uma declaração que diz que estamos nas mãos deles, até à alta. Aquando da alta, eu sentia-me a cometer o crime de fugir…
Hoje já estou bem melhor. Consigo lidar com o Benjamim de uma forma clama e serena – normal – mas durante uns meses, sentia que o tinha que compensar por todo o mal que hipoteticamente lhe fizera a mim fizeram-no de verdade. Não a mim, mas ao número da minha cama…
Não penso ter mais filhos, não me sinto descompensada ou com vontade de repor o passado. Este é o bebé que eu queria. A minha vida como mãe está no auge. Mas se me perguntassem, assim num táxi com urgência, onde se têm bebés em Lisboa, eu diria Mac. Deveria ter sido na Maternidade Alfredo da Costa. Nessa noite fui para um hospital donde o meu Centro de saúde faz parte. Diagnóstico: “Gastrenterite! Vá para casa!” Saí com um Bem-U-Ron, e com dores vi-me obrigada a entrar noutro ( em que sempre fui muito bem atendida noutras especialidade, vê lá tu, e não nesta) com admissão instantânea. A meio caminho passamos pelo edifício da Mac. “Eu vou aguentar até amanhã e virei para aqui”, pensei e segui caminho para ficar só mais um bocadinho à frente naquele outro. Tinha que ser assim, quem sabe?
Eu estou muito feliz, Cristina. Sou feliz. Às vezes não parece mas sou. Um beijinho muito grande.
Ps. Estive a pintar paredes e fiquei muito excitada, mas acho que é agora que me vou deitar. Espero que estejas bem e a dormir na paz dos anjos. Outro bejinho.
Amélia